quarta-feira, 4 de maio de 2016

Amor 4

Ainda hoje, após o rompimento, a doce Mulher mandou-me uma mensagem que dizia: "Não tens ideia do quanto eu te amo." Balançou-me plenamente, e tudo que vem do peito assusta quem reconhece a letra cujo adorno é feito do mel das verdades, que reconheço, sim! Sei o quanto ela sofre por um sentimento que esbarrou-se contra uma parede feita de moral. Claro que questiono-me o tempo todo sobre as relações minhas com essas leis que regem a existência baseada em algo próximo da convivência necessária. Senti a lágrima quente a escorrer pelas minhas mãos quando respondi apenas com o silêncio. Senti também o seu sorriso arqueado como nas manhãs que ela sorria ao avistar-me após longa noite à espera da pequena frincha que a vida nos deixara. Tínhamos alguns minutos pela manhã, algumas horas à tarde, e outras à noite. O sol fulgurava em mim cores que os ares não contam, mas dilatavam em mim sensações leves, como se a ponte que nos ligava elevasse a paz que também faz parte de um todo humano, interno, perene. Lembro-me de uma vez que tivemos o dia toda livres e podemos conversar abertamente sobre as coisas da vida. Ela pode recitar os seus belíssimos poemas quando eu escutava sem perder um único verso. Ohh Senhor, quanta dor viera em meio ao caos da verdade. Por que certos impedimentos são tão cruéis assim? Qual a mensagem por detrás da flor que não quer se calar? Os finais de semana ficaram horripilantes ao meu coração, pois a Bela, por razões que o leitor deve suspeitar, mal falava comigo. Tinha que manter as aparência no convívio com o marido! Que tragédia, não? Onde buscar o fino fio da confiança além dos olhos que brotavam lágrimas quando falavam através de tristezas? Só me restava a poesia, que mergulhei desesperadamente em busca de alívio ao tormento que a saudade me causava. Era um fio fino, mas deixava-me levar, ao menos, pelos eflúvios saborosos que vinha além dos mares! "Ahh minha deusa, em nome do amor, lembre-se de mim ao voltares solitária à tua casa vazia de sentimentos" Assim os meus pensamentos fervilhavam entre os bares que passava em busca de algum ouvido anônimo que pudesse me ouvir, e o muito que encontrava era nas canções de um violeiro afinado com os meus devaneios profundos. Definitivamente não há amigos que possam doar palavras, só eu e a Mulher tínhamos o mapa do que acontecia. Quando anoitecia em mim a esperança de dar uma palavrinha com ela, adormecia mais ao torpor do cansaço que pelo embriagues da bebida. Pensem só, se a minha luta, se a minha despedida foi em vão!

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